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Na Teia



Primeiro não havia nada
Nem mesmo o fino fio da navalha
Nem sentido nem o pensamento obtuso
Estava completamente confuso
Pois não havia nada,
Senão o espírito de tudo
Quando vislumbrei as curvas
que tomam forma de uma diva
Espírito de tudo e que priva
Torna-se o verso e reverso
De tudo que é o universo

Neste primeiro olhar
Assim que passei a desejar
Tudo quanto não havia neste
Sentimento de alegria
Assim passou a haver
Num determinado dia
Vendo-te ali deitada
tão calma e serena
tive vontade de deitar
ao teu lado, mesmo com a alma pequena
sinto o meu olhar
distante, observando teu
corpo nu, sorri suavemente.
abrindo os olhos e a fitar.
Confundir corpos, sentir inteiro,
sem medo e sem pudor
movimentos lentos e ritmados
a loucura de amar.
Nesta carne sobre a carne
gravada numa tatuagem
um só corpo, uma só carne
Da serpente no cio
sedução do prenúncio
do íntimo do desejo.

Sobre a cama
nudez envolvente
que paira sobre a mente
o delírio do destino
As mãos que descobrem os segredos
os lábios que descrevem os gemidos
amor sem tradução longe dos medos



Dois anos estão quase completos, não vou lembrar de todas as palavras pois já me esqueci de algumas, ainda vou conhecer outras, talvez escreve mais uma ou duas. Provavelmente, sentirás o que eu sinto.
Neste tempo passado os meus cabelos ficaram mais claros, meus olhos procuraram mais cores, meu corpo ficou muito tempo sozinho, e minha alma renasceu uma outra diferente. Várias palavras foram escritas. Vários textos criaram vida. Jogados ao vento, expostos, para todos verem. Alguns deveriam ter ficado na gaveta, lá no fundo, para só serem esquecidos. Mas, fazer o que, eu sou assim. É o meu jeito, apenas isso.
O carinho que vem na hora certa, o colo pronto, sempre que é preciso. O sorriso. O beijo saboroso. Os momentos só meus ou nem tanto.

-x-


"Na Teia" é um poema de Mestrinho que revela uma profunda introspecção sobre a experiência humana em relação ao amor, à fragilidade das relações e à complexidade dos sentimentos. O autor utiliza a metáfora da teia para representar as interconexões que existem entre as pessoas e os momentos significativos que formam a trama da vida. Essa teia é tanto um símbolo de beleza quanto de vulnerabilidade, sugerindo que as relações são intricadas e delicadas, exigindo cuidado e atenção.

Ao longo do poema, Mestrinho explora a ideia de que a vida é repleta de encontros e desencontros, onde as emoções e as experiências se entrelaçam, formando uma rede de afetos e lembranças. O tom da obra é melancólico, refletindo sobre a passagem do tempo e como cada momento vivido deixa uma marca indelével na nossa alma. A teia, portanto, representa não apenas as conexões que fazemos com os outros, mas também as memórias que nos moldam e nos definem ao longo da vida.

O autor utiliza uma linguagem rica e poética, impregnada de imagens sensoriais que convidam o leitor a se mergulhar nas emoções expressas. As palavras dançam com uma musicalidade própria, criando uma atmosfera que evoca sentimentos de saudade, amor e um certo anseio por compreensão. Mestrinho se debruça sobre a fragilidade dos laços, reconhecendo que, embora as relações possam ser belas, elas também estão sujeitas a rupturas e desafios.

O poema é uma reflexão sobre a busca por autenticidade e a necessidade de se conectar verdadeiramente com os outros. A teia não é apenas uma estrutura passiva; ela é dinâmica, refletindo as constantes mudanças que ocorrem nas relações humanas. O autor sugere que, ao nos conectarmos com os outros, também revelamos nossas próprias fragilidades e vulnerabilidades, o que pode ser ao mesmo tempo assustador e libertador.

"Na Teia" é, portanto, uma meditação sobre aquilo que nos une e nos separa, uma exploração dos sentimentos humanos em sua essência mais crua. Mestrinho, com sua sensibilidade característica, convida o leitor a contemplar a beleza e a complexidade das relações, lembrando que, apesar das dificuldades, a teia que forma a vida é também um entrelaçar de amor, esperança e a constante busca por conexão. A obra termina com um sentimento de reflexão, deixando uma impressão duradoura sobre a importância dos vínculos humanos e a maneira como eles moldam nossas vidas.

Em essência, "Na Teia" é uma obra que transcende o simples ato de escrever, transformando-se em uma experiência emocional e reflexiva, onde cada verso é um convite à contemplação das nossas próprias teias de relações e experiências.

© Mestrinho 2006

Comentários

André L disse…
Olá a todos que cá passam, peço desculpas pela minha ausencia. Mas o facto deve-se a trovoada que houve no Domingo.. Um raio atingiu a rede electrica da minha casa e fiquei practicamente sem computador e outros electrodomésticos. Só consigo ter acesso no trabalho, mas no trab. o tempo é sempre muito curto para poder, fazer as visitas aos blogs amigos (que não são poucos). Assim que peço a vossa compreensão. Este poema foi escrito no inicio deste ano quando andava nas minhas andanças por Londres, escusado será dizer que foi em um momento de inspiração e de alta refexão. Poderá não estar na totalidade explicito para quem lê, mas a mensagem importante acho que consegui transmitir muito bem.
Espero pode "desembrulhar" o mais rápido possivel desta situação, que não é nada agradável, até porque ainda não acabei de pagar o computador novo e já queimado.
Despeço-me com os melhores cumprimentos a todos e um desejo forte de regresso rápido.
Bjosabraços
Anónimo disse…
Simplesmente soberbas as tuas palavras.
Já tinha saudades de te ler...Beijinhos
Anónimo disse…
Estou de acordo: o amor não requer tradução. Nem medos. Porque o amor transparece até nas veias paradas de sangue. Gostei do que li... Espero que o pc fique de boa e rápida saúde.
Anónimo disse…
Bem deixa-me que te diga, este momento de reflexão foi muito bom. Falas do amor de uma forma muito forte e carregada de atitude e por outro lado falas como se fosse algo tão sublime. Gostei muito, talvez nao tenha retirado a mensagem que tentas passar, mas gostei e tirei a minha mensagem, acho que é o que interessa.
Anónimo disse…
ai não sei porque pareceu-me uma despedida. Não gosto de despedidas. Abraço.
André L disse…
Óh, Oféliazinha... Não é despedida, de qualquer forma com ou sem tempo tenho sempre acesso a Net e ao meu blog.
A minha despedida é "Até já!" eheheheh
Bjos
Anónimo disse…
n sei kem és, mas adoro-te!
magnifico sem palavras!
Anónimo disse…
Olá Mestre Eca :)... Obrigada pela tua visita e pelas tuas palavras. Só uma pequena correcção: o blog é o viramundo (não "agua do meu pensamento")... não dava para registar o endereço como viramundo, infelizmente. Espero que continues a visitar-me... entretanto, já estás linkado :)... Fica bem, Bjs. Namasté
Anónimo disse…
ola
que lindo...fico sem palavaas...parabens....
bom fim d semana
vou estar ausente mas volto quinta feira...
beijinhos
Anónimo disse…
Grande, Mestre(Eca), quando solucionares estes probleminhas, me envia a receita, que estou nessa..abraço..
Anónimo disse…
Mestre (Eca) É sempre um enorme prazer receber-te no campo. Este teu poema e texto definem o amor , que nunca se traduz, que não tem medo ou barreiras se o é. Este é o amor da partilha dos teus momentos únicos. Melhoras para o p.c. Beijo
Anónimo disse…
Olá! Espero que o teu pc fique bom rapidamente! Já tinha saudades de te ler! Um beijinho e até já. *****
Anónimo disse…
Olá Mestrinho, não me canso de cá passar para ler e reler o enorme arquivo de poemas que tens escrito, mesmo na tua ausencia. Faz muito sentido este poema, é como se fosse eu a escrever sobre os mais intimos dos meus sentimentos. O caminho das nossas vidas que é definido pela nossa forma de pensar e ver o mundo. O teu poema parece um pouco abstrato em certas partes, mas consegui captar a mensagem principal. "O amor que nasce do nada" muito bonita a forma como o descreves.
Um beijo muito grande da tua amiga

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