5.25.2009

Um sopro afável


Photo: Nicola Ranaldi

Do louco cavalgar quedou o sopro afável.
A respiração profunda entre o silêncio contagiante,
das noites de amor sem tréguas
O amor insaciável, aquele excelente.

O amor é louco… só louco…
No desfilar da sedução, dos tremores, e suores
Minh' alma brilha no teu sorriso fenomenal
Uma brisa leve como o sopro afável, sem igual.

Lembraste do sopro?
Das nossas loucuras, sem censuras,
a descobrir movimentos mágicos
Em posições frenéticas e loucas?
De alma e mente perdido na tua boca.
Nas noites de amores sem trégua
Onde não há lugar para as mágoas
Lembraste do sopro?
Debaixo dos lençóis, os nossos ruídos
Produzindo um acorde maravilhoso
O som saindo de nossos lábios sedentos
Emitindo palavras de carinhos e malícia?
Lembraste do sopro?
O arrepio em choques térmicos, que delícia.
Das nossas mãos atrevidas, a percorrer nossos corpos,
Tocado pelos dedos de um artesão.
Arrancando suspiros de arrepios.
Que molda sem igual a ardente paixão.

É claro que lembras... como poderias esquecer,
Sopro afável.

Um momento que não se apaga,
Que deixa imagens impregnadas,
Molduras retratadas….

Lembras, lembras?

… O sopro afável,
que soa como melodia…
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5.15.2009

Rasgos de (In)sanidade


Nicola Ranaldi


Das novas vias para velhos caminhos,
Como um mergulho no mar da escuridão.
Faz do dia o que faria com o meu, com carinho.
Abre novos olhos, olhos de aurora,
Cristalinos e vivos,
Sempre como foram outrora

Não chores!
Sobrará sempre tempo para ouvir o lento lamento.
Porque a vida será uma vítima
E a ambição será a inveja!
Agora...
Faz do dia uma união com a noite, um pacto,
Quente, morno e eterno.

Sonha...
E vem ao meu castelo encantado,
Veste-te de medieval,
Transparente, transeunte, indignada, coerente
e letal.
Come lascivamente,
Sem tabu, come docilmente.

Vem...
Estende tua mão.
Dá-me o teu desejo.
Vem, exorcizar.
Dá-me a boca
E a rosa louca.
Um beijo
E um raio de sol.
Nos teus cabelos,
Como um brilhante.
Explode em sete cores
Revelando então os sete mil amores
Que eu guardei somente pra te dar


© Mestrinho
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5.12.2009

Uma mente burlesca



William Bouguereau
Invading Cupid´s Realm 1892


Posterior ao encontro mundano
e a tua franqueza explícita
tivemos uma visão intrínseca
do mundo e do ser pioneiro.

O corpo, um desígnio da decrépita percepção verbal[*],
estranhíssimo à alma gigantesca;
uma mente burlesca;
resultante do sentimento intemporal.

Uma malícia que se esconde na memória;
Um sorriso instigante nos lábios da vida;
Um reflexo da existência nunca esquecida;
O sentido melancólico de glória.

Gerúndio do tempo;
Da espiral espaço-temporal,
Cronologia sem igual
Assaltando-nos em tormento.
Vai-se a vida,
Da nossa alma, querida.
É uma vida, vivida e sofrida,
do presente ao passado,
recordado de bom grado,
como um mistério revelado.

Senti esse sabor, perdido no tempo. Com um gesto secular (como a sensação de viver um momento durante séculos), vislumbro a noite que há-de vir. Premeditando ou profetizando, sou o que sou e gritarei versos poeticos para suavizar a carícia. Indignados, vivemos neste Fado (sorte, agouro; aquilo que tem de acontecer, que é fatal; (no pl. ) as forças ocultas que regem o destino dos homens).


[*] acto ou efeito de perceber o verbo no pretérito presente

© Mestrinho[spyvspyaeon]
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5.01.2009

Há dias em que as nossas almas realmente se amam, mas não se entendem…

Por vezes quero descer à terra, mas no escuro
respiro e não percebo, sou como se não fosse,
só há sombras que dançam e ruídos em redor.
E pergunto por que desço, por que me procuro
sem ciência nem método, por que tomo posse
da noite, quando é o dia que é nítido e tem cor.

Porém, de dia nem tudo é perfeito, há medos
que enchem de névoa os olhos. E o desespero
alastra como densos laivos de tinta numa tela;
tudo escurece e alimentas mágoas e segredos,
escondes tudo o que dentro de ti é sincero,
num esgar encurtas o horizonte na tua janela.

É triste quando o dia se intersecta com a distância,
em ímpetos de frequências aparentes e calmas…
quando noite e dia se olham e não se compreendem.
Mesmo unindo-nos um sentimento em consonância,
de facto “Há dias em que as nossas almas
realmente se amam, mas não se entendem…”

© Lia Lemmi @ Blogalize 2004.12.16
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