Embriagado

Autor M. C. Escher - Relativity 1953 Lithograph


Bebo de ti
Toda a paixão que te resta
Voltas-me as costas
E com uma lágrima
celebro o nosso laço,
Desculpas-me?

Bebi demais de ti?
Poderemos sorver o cálice
mais uma vez?
Para juntos bebermos lentamente
a essência da vida
da paixão desmedida
do sentimento traiçoeiro.
O amor, como se fosse o primeiro.
Neste encontro derradeiro.

Aguardo uma eternidade
por uma resposta,
e espero assim perdido
No labirinto deste sentimento Cíclico.
Do limiar do desejo Copérnico.

-x-

"Embriagado" é um poema que mergulha nas profundezas da experiência emocional, utilizando a metáfora da embriaguez para explorar temas como o amor, a paixão e a vulnerabilidade. O autor, Mestrinho, evoca uma sensação intensa de entrega e transcendência que vem com a consumação do amor, comparando esses sentimentos à perda de inibições que a embriaguez provoca. Através de uma linguagem poética rica e evocativa, o poema captura a essência do que significa estar completamente consumido por emoções avassaladoras.

A obra começa com o autor refletindo sobre a natureza do amor, que, assim como a embriaguez, pode levar a um estado de euforia e ao mesmo tempo a um certo grau de desorientação. O uso de metáforas relacionadas ao ato de beber sugere que o amor é uma bebida forte, capaz de alterar a percepção e criar uma nova realidade para aqueles que se permitem sentir. Mestrinho descreve o amor como algo que intoxicante, que envolve todos os sentidos e cria um estado de encantamento.

Cada verso é cuidadosamente construído para transmitir a profundidade das emoções, evocando imagens sensoriais que envolvem o leitor. As palavras dançam no papel, refletindo a paixão ardente que permeia o poema, com um tom lírico que exalta a beleza da entrega total ao amor. A embriaguez emocional é apresentada como um estado desejável, onde a entrega e a vulnerabilidade se tornam fonte de força e conexão entre duas pessoas.

À medida que o poema avança, a ideia de se deixar levar pelas emoções é reforçada. O autor fala sobre a intoxicação provocada pelo amor e como isso pode levar à clareza e à revelação de verdades mais profundas. Esse estado de embriaguez não é apresentado apenas como uma perda de controle; ao contrário, é descrito como um caminho para a verdadeira compreensão dos sentimentos, uma forma de libertação das barreiras que muitas vezes nos separam dos outros.

A linguagem fluida e poética é acompanhada por um ritmo que convida à reflexão. Cada estrofe leva o leitor mais fundo na experiência emocional, questionando o que significa amar de forma plena e abandonada. O poema é um convite à exploração dos limites da paixão e da entrega, enfatizando que, embora o amor possa ser desafiador e, por vezes, doloroso, é também uma fonte de alegria e descoberta.

"Embriagado" culmina em uma celebração da vivência das emoções intensas, sugerindo que a verdadeira essência do amor reside na capacidade de se deixar levar e experimentar a vulnerabilidade. O autor conclui que essa embriaguez emocional, ao invés de ser um estado a evitar, é algo a ser abraçado, uma forma de viver plenamente e em sintonia com os desejos e anseios mais profundos do coração.

Em essência, "Embriagado" é um poema que fala sobre a beleza e a complexidade do amor, utilizando a metáfora da embriaguez para ilustrar a intensidade das emoções humanas. É uma obra que convida o leitor a refletir sobre suas próprias experiências de amor e a importância da entrega total a essas vivências.

© Mestrinho 2005