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Abstracto


Adolphe - William Bouguereau
The Return of spring 1886


O amor é cego e isso não nego.

Pairam ascendentes seduções.
Suaves recordações.
Invisíveis fontes puras
Acordam na memória viajante.
Aquele olhar radiante

Saudade
Sensível
Arrepios simples

Forro íntimo do sentimento

Gesto silencioso
Que se projecta no peito
Ardor nostálgico
murmúrio terno
seiva melancólica
Aquele olhar radiante
Alimento da sensualidade.

Do fetiche ao abstracto
O corpo, é significado;
a possibilidade da fantasia.
O conter da utopia à metátese*
O poema nunca fala de um louco;
É escrito por ele próprio.

Amar é enlouquecer, ou simplesmente sentir um brisa no olhar.
Um olhar que penetra e chega onde quer e conquista.
Amar é envolver-se, é deixar-se conquistar...

....é simplesmente viver o momento.

* transposição dos termos de um raciocínio do qual se deduz uma consequência.

-x-

"Abstracto" é uma composição poética que mergulha profundamente nas camadas do sentimento humano, explorando a essência da experiência emocional de forma intensa e multifacetada. Neste poema, Mestrinho utiliza uma linguagem rica e evocativa, onde as palavras dançam com liberdade, abordando temas como amor, desejo, e a complexidade das relações interpessoais.

A obra começa com uma reflexão sobre a natureza do ser e do sentir, utilizando metáforas que evocam imagens vívidas e sensações palpáveis. A forma como o autor aborda o sentimento como algo tangível, quase físico, sugere que as emoções não são meras abstrações, mas sim entidades que podem ser tocadas e vividas. Essa abordagem cria uma conexão imediata com o leitor, levando-o a reconhecer suas próprias experiências e vivências emocionais.

Mestrinho, ao longo do poema, constrói um ritmo que oscila entre momentos de suavidade e explosões de intensidade emocional. Isso reflete a montanha-russa que muitas vezes acompanha os relacionamentos e o amor. O autor explora como o amor pode ser simultaneamente um refúgio e uma fonte de dor, revelando a dualidade intrínseca das emoções humanas.

As imagens apresentadas são poéticas e profundamente simbólicas, sugerindo uma interligação entre o interior e o exterior, entre o que é sentido e o que é expresso. O uso de conceitos como "matéria compactada" e referências ao "Big Bang" adiciona uma dimensão cósmica e universal ao poema, sugerindo que as emoções são tão vastas e complexas quanto o próprio universo. Essa comparação entre o amor e as forças da natureza destaca a intensidade e a profundidade dos sentimentos envolvidos.

À medida que o poema avança, o leitor é convidado a refletir sobre a linha tênue que separa a razão da emoção. Mestrinho sugere que, muitas vezes, agimos impulsivamente, movidos por uma força que não conseguimos controlar completamente. Essa capacidade de sentir profundamente, de deixar-se levar pelas emoções, é retratada como uma experiência simultaneamente divina e humana.

"Abstracto" culmina em uma ode à beleza do sentimento, sublinhando que, apesar de suas complexidades e desafios, as emoções são essenciais para a vida. O ato de expressar esses sentimentos através da poesia é apresentado como um meio de libertação e autodescoberta. Na conclusão, há uma celebração do poder das palavras e da forma como elas podem capturar a essência do ser humano, conectando-nos uns aos outros e a nós mesmos.

Em suma, "Abstracto" é uma obra que provoca uma profunda introspecção sobre a natureza do amor e das emoções. Através de uma linguagem poética rica e imagética, Mestrinho convida o leitor a explorar suas próprias intimidades e a reconhecer a beleza que reside na vulnerabilidade de sentir. É um poema que ressoa com a experiência humana, lembrando-nos da importância de abraçar tanto a dor quanto a alegria que o amor traz.

© Mestrinho

Comentários

Anónimo disse…
Do feitiche ao abstracto :) simplesmente perdi-me nas tuas palavras, reencontrei-me na última frase, que diz tudo. Amar é viver o momento. Um beijo especial
Anónimo disse…
Também eu me deixei "conquistar"... pelas tuas palavras! Adorei! Beijocas e bom fim-de-semana.
Anónimo disse…
Amar é..simplesmente amar.. n existem palavras q consigam descrever esse sentimento lindo.. bom fim de semana.beijokas grandes.
Anónimo disse…
Cá estou eu de novo... desta vez para te pedir mil desculpas (pela asneira). Ando sempre a experimentar coisas novas... ihih e de vez em quando faço destas burrices!...Beijinhos e um super cool weekend.
Anónimo disse…
As tuas metáforas estão cada vez melhores. Noto uma corrente de inspiração. É giro. De facto a imensidão do sentimento, do momento toma contornos abstractos. Na gramática metátese é transpor um fonema dentro do mesmo vocábulo. Eu adoro figuras de estilo, ou retórica.É ainda conhecida como comutação. Enfim, eheheheh beijos e bom fim de semana.
feedbacktofeedback
Anónimo disse…
Oie! Passei aqui para ver seus posts maravilhosos, e como era de se esperar, sempre saio daqui boquiaberta com tanta coisa linda.
Bom final de semana
beijos
Anónimo disse…
A abstração do amor, com rigor matemático, deixou-me fascinada! Espantoso este poema! Beijo
Anónimo disse…
Olá eu aqui!
Estou passando para convidar você para ver as novidades lá no meu blog, agradecer a sua visita e o seu carinhoso comentário, será sempre bem vida ao meu cantinho.
Que texto show!
Amigo gostaria de te pedir uma coisa, será que vc pode me mandar essa figura de guerreira do post anterior?
Caso sim me passe por e-amil.
desde já obrigado.
Tenha um ótimo sábado.
Beijos, Wiviane.
Anónimo disse…
o k dizer?????? amei cada linha, cada definiçao.... adoeri a verdade que ns cega no amor... beijoooooooooossssssss
Anónimo disse…
Olá!
Desculpe por ter me enganado sobre o seu sexo, mas é que não vejo em nenhum lugar no seu blog suas caracteristicas, por isso a confusão. Desculpe mesmo. Espero que não tenha ficado triste comigo.
Valeu pela figura da guerreira.
Fiquei muito feliz, pois é ima imagem muito lindo.
Tenha um sábado maravilhodo.
Beijos, Wiviane.
Anónimo disse…
Pois é, amar é um momento apenas, dps resta relembrar, ter saudade...
Adorei o testo, ta magnifico, mas faz doer...
Tudo de bom
Anónimo disse…
Mestre nem sabes como te dou razão, o amor é cego, é mentiroso, é traiçoeiro é sem duvida um momento.
Pena estes momentos marcarem
jitos
Anónimo disse…
Mestre nem sabes como te dou razão, o amor é cego, é mentiroso, é traiçoeiro é sem duvida um momento.
Pena estes momentos marcarem
jitos
Anónimo disse…
Gostei da metáfora "abstrato" com a relalidade do amor, poetizaste perfeitamente. Abraços
Anónimo disse…
Um beijo e um bom fim de semana para você também.
Papoila disse…
Vagueei pelo abstrato na procura incessante do amor, da sedução do sonho... Detenho-me para viver o momento "O poema nunca fala de um louco; é escrito por ele próprio."
Beijo
Anónimo disse…
Só para te dizer que tem recadito para ti lá nos comentários , em resposta ao teu. Beijos
Anónimo disse…
bonitos textos os teus!
beijinho
Anónimo disse…
Ola Eca, adorei a mudança...
Mudaste das nuvens para Estrelas! :P
Está bonito sim sr.
As palavras continuam intensas e mágicas.
e porque hoje é um dia mágico...
Feliz Halloween!
Rsssssss
beijokas amigo*
Anónimo disse…
Agadeço suas visitas e pela simpatia nos seus comentários, mas tambem verifico aqui no seu blog ter bom gosto poético. boa semana para si e familia.
ZEZINHOMOTA
Anónimo disse…
Como o sentimento contido, fiquei sem palavras, das palavras com que "jogas". O teu poema descreve o fio existêncial de uma sensualidade notável de lêr. As músicas e o blog são de muito bom gosto.
São todos de tua autoria? Eh poeta, que desgarras nas palavras, tornas sonhos em doces melodias. Bjo
Anónimo disse…
Oi, Mestrinho! Este poema é uma ótima preparação para o fim de semana. Que o seu seja ótimo! Bjos.

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