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Metamorphosis


art by: F. Abderrahim



No pálido fresco das árvores que dançam ao sopro do tempo
Lá fora a terra seca bebe na mão da tempestade,
Suspiros e anseios dissolvidos pelo vento
Colho nesta manhã fresca o beijo, a tua castidade
E se isso não é pouco, apaparico a tua vaidade,
Leve e fresco como uma brisa do mar
Um “ar” de devaneio veio para ficar
E no doce embalar das ondas
e ficar assim indignado por uma mudança
Assim tão brusca, assim tão elementar.

Conta-me os teus mais secretos desejos
Os sonhos mais escondidos, os anseios
Fala-me por onde andam as lágrimas
Transporta-me para as ilusões
Vestidas da tua nudez
Vamos reviver tudo outra vez
Antes que o nosso amor seja silenciado
Num Amor louco como amor desesperado
Livres, leves e soltos,


Que palavras poéticas
trariam melhor ética
Que palavras,
seriam susceptíveis a atenção
merecendo todas essas frases críticas.

Enquanto questionava,
transportava nos gestos
o limiar das palavras que brotavam
da boca. Incandescentes
e cruéis como o sentido exacto
das suas origens.
Decifrava e fazia do monólogo
no centro irónico do universo,
com um sentimento travesso.


O poema "Metamorphosis" de Mestrinho é uma obra lírica que explora a transformação emocional e a evolução do ser através da poética. Utilizando uma linguagem rica em metáforas e imagens evocativas, o autor nos convida a refletir sobre o processo de mudança que ocorre em nossas vidas, especialmente no que diz respeito aos sentimentos e experiências.

A estrutura do poema é marcada por um estilo fluido e dinâmico, onde as palavras e os versos parecem se desdobrar como uma crisálida, simbolizando a metamorfose do eu poético. Desde o início, o leitor é confrontado com a ideia de que a transformação é um aspecto inevitável da vida, onde as experiências e emoções se unem para criar um novo ser. A referência à crisálida sugere um estado de preparação e expectativa antes de uma mudança significativa, enfatizando a beleza que pode surgir da vulnerabilidade e da incerteza.

O autor utiliza imagens da natureza, como borboletas e o sopro do vento, para ilustrar a leveza e a fragilidade das emoções humanas. Essas imagens servem como metáforas para a liberdade e a libertação que vêm com a metamorfose. Mestrinho também evoca a ideia de que cada transformação traz consigo uma nova percepção do amor, da vida e da própria identidade, encorajando o leitor a abraçar as mudanças como oportunidades de crescimento.

Além disso, "Metamorphosis" é permeado por uma sensação de introspecção e autoexploração. O eu lírico reflete sobre os seus desejos, anseios e as consequências das suas escolhas. Há uma busca por compreensão e uma realização de que, muitas vezes, as transformações mais profundas ocorrem dentro de nós, moldando a nossa essência de maneira sutil e significativa.

No final, o poema ressoa com uma mensagem de esperança e renovação. A metamorfose, longe de ser uma experiência dolorosa, é apresentada como um processo de libertação que nos permite evoluir e encontrar a nossa verdadeira forma. Mestrinho, através de "Metamorphosis", convida-nos a aceitar a mudança como parte da vida, celebrando a beleza que surge quando nos permitimos transformar.

Em resumo, "Metamorphosis" é uma obra profunda e reflexiva que explora a temática da transformação emocional e do crescimento pessoal, utilizando uma linguagem poética rica que capta a essência da experiência humana. É um convite à introspecção e à celebração das mudanças que nos moldam, inspirando o leitor a abraçar a sua própria jornada de metamorfose.

© Mestrinho

Comentários

Anónimo disse…
Olá mestrinho venho pedir desculpa pela minha ausencia mas ando a tentar resolver uns problemas. Espero retornar em breve e com calma. O blog como sempre está lindo Parabens.

Jokas Vampirescas
Anónimo disse…
Olá amigo, ricas mini-férias, hem?
eu estou ansiosa por também conseguir ter umas, lol. Mas o trabalho teima em não me largar...
Quanto as tuas palavras, correndo o risco de me tornar repetitiva, estão fantabulásticas ;o)
E também amei a imagem!
Beijokas e bom resto de semana*
Papoila disse…
Mestrinho, a foto no Jardim do Adamastor está formidável e o poema como sempre de cortar a respiração... atravessar os próprios sentimentos do gigante..."Decifrava e fazia do monólogo no centro irónico do universo, como um sentimento travesso." Viagens dentro de viagens... Música espantosa! Beijo
BlueShell disse…
Gostei de TUDO!
Um abraço tipo BueShell

º0º0º00ºº0º0º0º0º0º0º0º0º0º
bdbdbdbdbddbbdbdbdb
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Anónimo disse…
"...colho nessa manhã fresca, o beijo, a tua castidade..." ou
"...transporta-me para as ilusões vestidas da tua nudez...". amar é sempre um gesto ousado, complexo. Mas necessário. Boa semana!
Light disse…
sempre que aui venho perco-me nas palavras e na musica...como sempre sublime!
Amita disse…
Se dobra, desdobra, cria, silencia quando mais alto a poesia fala... e a crisálida letra metamorfoseando borboletas de palavras.
Um bjo Mestre(inho) e uma flor para um dia de sol
Anónimo disse…
Lindo mestre, encanta-me as palavras soltas. Envolvente
música e pensamentos. Gostei muito.
Bjos e bom fim de semana
Anónimo disse…
Um blog muito interessante e cada vez que o venho visitar, fico de veras impressionada. Um grande beijo
Silêncios disse…
Vou contar-te um dos meus mais secretos desejos, e conto-te por estar realizado.
Era ser feliz...fica agora complementado pelo previlégio de poder partilhar as tuas belas palavras...
Um beijo grande

Baú das recordações

Será estar apaixonado por aquilo que se vive a melhor garantia de juventude?

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Distorção cognitiva

19 anos depois de escrever este poema (escrito em 2006), foi transformado em música (2025). Espero que gostem tanto como eu gostei Da elaborada síntese, Eis que surge, O manifesto, o esboço, de forma muito inesperada, como que perdida pela estrada. Riscada de uma grafite, brilhante e deslumbrante. Onde surge o infinito da matéria compactada Onde nasce o Big Bang, somente em quantidades definidas. Apenas em números inteiros, Proporcional ao líquido Do meu tinteiro. Não, não é apenas uma vontade condimentada nem uma ideia inventada. Nem uma gramática semântica, ou uma equação quântica. É apenas um sentimento que, aflora pela pele, Um sentido puro, Quando. No inicio de tudo. Ela aparece, Ela que surge de rompante e serpenteia pela mente, este sentimento demente. Que causa o movimento impulsivo, E o pensamento conclusivo. Do gesto às palavras, perdura o incitável, O verso doce, A palavra que embala, O gesto que não acaba. Entendes agora porque é insustentável o sentime...

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Regresso as origens

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Por Adam Martinakis Explore Photo Realistic Surrealism Em verso livre, harmonia e sentido consequentemente, soltam-se rimas, ou talvez não, para dizer em ritmo, da música à alma. Consequentemente, das palavras que dão forma, que do nada se transformam em tudo, palavras que narram a história, à feição dela, com sonoridades sábias. Mas a jovem, nesse momento transgrede, os seus ideais, mil vezes sonhados. quando chega, profunda na alma, tal como ela suspira, “É liberdade, possuir, por momentos fortes, com sensualidade de seda, como uma Histórias de amor, uma história cheia de melodias.” São estas palavras de afeição, esse sussurro nas frases, que nos dá um “ar” de perfeição. Não esquecendo, os sentimentos vergonhosos(bons, não?), consequentemente, da causa ao efeito, onde. nem tudo é pensado, sentido, escrito, descrito, captado, respondido. Gosto quando ela, aparece e transparece a beleza, aparência, charme e encanto, com riqueza nas ideias, com mestria nos gestos, com os seus p...

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